A autoprodução de energia vem ganhando destaque como uma alternativa eficiente e econômica para grandes consumidores no Brasil. Esse modelo permite que empresas e indústrias gerem sua própria energia e comercializem o excedente, oferecendo uma redução significativa nos custos operacionais e maior independência das distribuidoras locais. Regulamentada pela Lei 10.848 de 2004, a autoprodução se enquadra no Mercado Livre de Energia, que vem crescendo e se consolidando como um dos principais motores da transição energética no país.Uma das grandes vantagens da autoprodução é a flexibilidade geográfica, segundo Felipe Ferraz, especialista da Fortlev. As empresas podem gerar energia em uma localidade e utilizá-la em outra, sem a limitação de áreas de concessão que afeta a geração distribuída. Além disso, os autoprodutores estão isentos de outorga para projetos de até 5 MW, o que simplifica o processo de homologação e diminui a burocracia, facilitando a entrada de novos investidores no setor.Com o avanço da legislação e a abertura gradual do Mercado Livre, especialmente para consumidores conectados à rede de média e alta tensão, mais de 106 mil novas oportunidades de negócios surgiram em 2024, e esse número tende a crescer. Quando o mercado for ampliado para consumidores de baixa tensão, Ferraz acredita ainda que o potencial de novos projetos de autoprodução poderá superar 76 milhões, criando um cenário propício para o desenvolvimento de projetos de geração própria em larga escala.Outro fator que incentiva a autoprodução de energia é a economia gerada. Para os consumidores que optam por esse modelo, a redução na conta de energia pode chegar a 80%, dependendo da capacidade de geração e do consumo. Isso ocorre porque, ao gerar sua própria energia, a empresa diminui sua dependência do mercado regulado e, consequentemente, dos altos custos das tarifas praticadas pelas distribuidoras. Ao mesmo tempo, há a possibilidade de acessar tarifas mais baratas no mercado livre e obter descontos de até 100% na Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD).Além da economia direta, a autoprodução oferece previsibilidade financeira. Diferentemente da energia adquirida no mercado regulado, que está sujeita às oscilações de preço em função de fatores climáticos e da variação da demanda, a autoprodução garante um custo fixo por um longo período, o que proporciona maior estabilidade nos orçamentos das empresas. Essa previsibilidade é particularmente importante em um país como o Brasil, onde a matriz energética é altamente dependente de fontes renováveis, como água e vento, que podem influenciar os preços de curto prazo.O cenário atual, com a queda expressiva dos preços dos equipamentos fotovoltaicos — os painéis solares, por exemplo, tiveram uma redução de mais de 40% em 2023 —, torna o investimento em autoprodução ainda mais atrativo. Mesmo com a alta do dólar e o aumento do custo de frete marítimo, o setor de energia solar segue como uma das melhores opções para quem busca segurança e economia energética a longo prazo.Portanto, diante da combinação de benefícios econômicos, previsibilidade e regulamentação favorável, Ferraz pontua que a autoprodução de energia no Mercado Livre se destaca como uma das principais soluções para grandes consumidores de energia no Brasil. Empresas que investem nesse modelo estão não apenas reduzindo seus custos operacionais, mas também assumindo um papel de protagonismo na transição energética, promovendo a sustentabilidade e a independência no fornecimento de energia.A palestra completa pode ser acessada pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=39jVs8i8EPM.