Durante o Fórum Regional de Geração Distribuída, Bruno Herbert, representante da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), apresentou uma palestra que destacou as oportunidades e desafios no setor de geração distribuída (GD) e eficiência energética no Brasil. O evento reuniu profissionais do setor e foi marcado pela discussão de novas perspectivas para o mercado, especialmente em relação aos programas de eficiência energética e as políticas públicas que impactam diretamente o desenvolvimento do setor.Na ocasião, Herbert trouxe a importância da eficiência energética, referindo-se a ela como "o primeiro combustível", uma vez que, em muitos casos, representa a forma mais limpa e econômica de atender às necessidades energéticas. Ele ressalta que o Programa de Eficiência Energética (PE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) destina entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão anualmente para projetos voltados a essa área, administrados pelas concessionárias de energia. Este programa, junto com projetos de pesquisa e desenvolvimento, cria um mercado significativo com diversas oportunidades de receita.Um dos principais pontos discutidos pela especialista foi a relação entre as políticas públicas e o crescimento da GD no Brasil, utilizando como exemplo o estado de Minas Gerais. Ele explicou que, apesar dos benefícios econômicos gerados pela isenção do ICMS para projetos de até 5 megawatts (MW), a falta de planejamento adequado resultou em problemas na infraestrutura de rede. A concentração desses projetos na região norte do estado, uma área menos desenvolvida, sobrecarregou as redes de transmissão, exigindo investimentos que não trazem retorno financeiro imediato para as concessionárias. Este cenário ilustra a necessidade de um planejamento mais equilibrado e escalonado para a expansão da GD, visando evitar desequilíbrios e garantir que a distribuição da energia seja eficiente, segundo Herbert.O especialista também refletiu sobre a rápida expansão da GD no Brasil e a falta de incentivos adequados para uma distribuição homogênea. Ele enfatiza que o crescimento desordenado da GD em regiões específicas, como o norte de Minas Gerais, criou uma série de desafios para as concessionárias de energia, que não estavam preparadas para lidar com a alta demanda por investimentos em infraestrutura nessas áreas.Ao discutir a eficiência energética, o especialista aponta a importância de reduzir o consumo de energia por meio de tecnologias mais eficientes, o que, por sua vez, reduz a necessidade de investimentos em geração, transmissão e distribuição de energia. Ele menciona que, desde a criação do marco regulatório da eficiência energética em 2000, o Brasil tem avançado em iniciativas como o programa de etiquetagem de eletrodomésticos, que ajuda os consumidores a escolherem equipamentos mais eficientes.Herbert também aborda as metas ambientais assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris em 2015, que incluem a redução das emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e em 43% até 2030. Ele afirma que o país já vinha se preparando para esse cenário, com políticas voltadas para o aumento da participação de energias renováveis, como a fotovoltaica e a eólica, na matriz energética nacional. Além disso, destaca a importância da eficiência energética para alcançar essas metas e garantir a segurança energética do país.Por fim, o consultor ressalta a necessidade de capacitação profissional no setor de GD e eficiência energética. Ele menciona que a falta de mão de obra qualificada é um dos maiores desafios enfrentados pelos integradores, e que é essencial investir na formação de profissionais para atender às demandas de um mercado em constante crescimento. A palestra completa do especialista pode ser acessada pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=vLnfoSwQgPk.
