A Revista RBS traz um entrevista exclusiva com Edmur de Almeida, da empresa Alfa Real

A Revista RBS traz um entrevista exclusiva com Edmur de Almeida, da empresa Alfa Real

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O diretor comercial da Alfa Real, Edmur de Almeida, fala sobre a importância da contratação de seguros como forma de mitigar os riscos da cadeia de GD

RBS Magazine: Como o mercado de geração distribuída pode mitigar os seus riscos?

EDMUR: Conhecer os riscos de cada atividade é fundamental para se estabelecer programas de controle e mitigação, o que chamamos de gerenciamento de riscos. Normalmente, um risco envolve diversos fatores e atuar em cima deles é a melhor forma de reduzir a probabilidade de que o mesmo se materialize. Isso é controle de riscos. Mas, se o evento ocorrer, nem tudo está perdido – desde que se tenha atuado no que chamamos de mitigação dos riscos. Isso inclui a transferência desses riscos por meio, por exemplo, da contratação de seguros. A cadeia de geração distribuída envolve vários players, como fabricantes, distribuidores, integradores, consumidores finais e investidores, com características e riscos próprios e, consequentemente, mitigadores de riscos e seguros específicos. Por isso, é importante conhecer bem o negócio de cada um deles para poder lhes oferecer as melhores soluções.

RBS Magazine: Esse mercado tem uma cultura de gerenciamento de riscos?

EDMUR: Em países desenvolvidos, é inconcebível uma pessoa ou empresa implementar um projeto – instalar um sistema fotovoltaico, por exemplo – sem contratar todos os seguros correlatos. No Brasil, estamos caminhando nessa direção, mas ainda falta muito. Um dos motivos é que os bancos financiadores têm exigido a contratação de seguros para proteger o seu próprio investimento e o dos acionistas. É preciso assegurar que a instalação de uma central de geração hidrelétrica ou de um kit de energia solar ocorra sem sustos. Independentemente do tamanho do sistema (pequeno, médio ou grande porte), há um investimento que precisa ser protegido o máximo possível para se evitar sua perda parcial ou total em decorrência de um acidente.

RBS Magazine: Qual a experiência da Alfa Real com o mercado de geração distribuída?

EDMUR: A Alfa Real trabalha exclusivamente com seguros corporativos desde que foi fundada em 1996. Alguns anos depois, conquistamos os primeiros clientes do mercado de energia, incluindo o de geração distribuída. Desde então, temos nos empenhado em conhecê-lo cada vez mais para podermos oferecer soluções customizadas em produtos e serviços de seguros para todos os players e em todas as etapas da cadeia. Mais de 6 mil empresas atuam hoje nesse mercado, sendo cerca de 4 mil integradores. Se cada um fizer 24 instalações por ano, teremos 96 mil. A probabilidade de ocorrência de qualquer evento num universo desse tamanho é alta. E, se o valor em risco for grande, podemos ter uma perda considerável (o que chamamos de severidade). Não devemos ter aquele pensamento de que acidente somente ocorre com os outros.

RBS Magazine: Quais os seguros mais importantes para esse nicho?

EDMUR: Fabricantes do exterior precisam contratar seguro de transporte internacional, seja terrestre, naval ou aéreo. Aspectos relacionados a embalagem precisam estar bem equacionados e combinados com a seguradora – caso dos painéis solares, por exemplo. Carga e descarga também demandam cobertura. As exclusões tradicionais desse seguro precisam ser confrontadas com os riscos inerentes e, se necessário, contratadas coberturas particulares. Essas mesmas análises precisam ser feitas para fabricantes e distribuidores sediados no Brasil. Deve-se atentar para o fato de que a cobertura tradicional para o transportador é exclusivamente decorrente de culpa comprovada dele (responsabilidade civil). Se, por excesso de chuva, a ponte cair junto com o caminhão da transportadora, o seguro não indeniza. Nesse caso, o embarcador ou o transportador deve contratar a cobertura de danos da natureza, casos fortuitos e força maior. A instalação é normalmente de responsabilidade do integrador ou de um “especialista” (nos casos de grandes projetos), bem como os riscos inerentes a essa etapa. Por isso, via de regra é ele quem contrata o seguro de riscos de engenharia. Entretanto, esse seguro é muito importante para o cliente final ou investidor; afinal, é o dinheiro dele que está em jogo. Assim, o ideal é que ele o contrate, e não o integrador. O seguro de riscos de engenharia é fundamental, pois cobre acidentes com a obra e com terceiros. Ele precisa prover cobertura para acidentes decorrentes de causas naturais, execução inadequada da instalação, erro de projeto e falha de equipamentos, bem como para roubo de equipamentos e ferramentas de pequeno porte. As coberturas de desentulho e despesas extraordinárias não são tão importantes para pequenos sistemas. Esse seguro deve cobrir também o período de garantia técnica do sistema – a chamada cobertura de manutenção ampla. Outro ponto importante: se o seguro de transporte nacional não contemplar cobertura para carga e descarga, é preciso incluí-la no seguro de riscos de engenharia. As coberturas para terceiros precisam ser bem amplas, porque cada vez mais têm sido utilizadas para indenizar dano moral e perdas financeiras, por exemplo. Quando o sistema está funcionando (fase de operação e manutenção ou O&M), é importante contratar o seguro de riscos diversos para equipamentos, de vigência anual, para cobrir quaisquer acidentes decorrentes de fatores externos. Podem ser incluídas coberturas adicionais como danos elétricos, vendaval e roubo. No caso de grandes usinas, recomenda-se a contratação também do seguro paramétrico, que cobre a produção de energia quando a insolação ficar abaixo da média histórica contratada com a seguradora. Aqui, demos exemplos de algumas coberturas essenciais, mas cada projeto deve ser cuidadosamente analisado para que o consultor de seguros possa montar um pacote que realmente proteja o investimento de todos os envolvidos nessa importante cadeia da economia brasileira.


Fonte: Thayssen Carvalho - Portal Brasil Solar

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