A RBS Magazine traz uma entrevista com Jurandir Picanço, Consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará - FIEC

A RBS Magazine traz uma entrevista com Jurandir Picanço, Consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará - FIEC

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Jurandir também é presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará e estará presente no CBGD 2018 e a 3ª Expo GD

RBS: Drº Jurandir Picanço nos fale um pouco sobre sua trajetória profissional até os dias de hoje e também sobre sua história.?
JURANDIR: Atribuo minha vinculação profissional às energias renováveis a uma série de fatos que se complementaram. Quando professor de eletrotécnica da Universidade Federal do Ceará - UFC, fui convidado, em 1976, a proferir aula com o tema “Panorama Energético Brasileiro” da disciplina de “Estudos de Problemas Brasileiros” para todas as turmas de formandos da UFC. Naquela época havia uma grande preocupação com o esgotamento das reservas de petróleo que não alcançaria o ano 2000. Surgiu daí o meu interesse em conhecer as alternativas energéticas brasileiras. Seguiu-se um segundo fato. Em 1978 fui convidado a participar da elaboração do plano de governo do Governador Virgílio Távora designado de II PLAMEG (Plano de Metas Governamentais). Motivado pelo tema da aula que ministrava inclui no II PLAMEG o tema: “Identificação, Levantamento e Aproveitamento de Recursos Energéticos¨, no qual se destacava a meta “Levantar as potencialidades eólicas e solares do Estado”. Ocorreu outro fato determinante do meu direcionamento às energias renováveis. Fui nomeado diretor da COELCE – Companhia de Eletricidade do Ceará. No exercício do cargo, visando cumprir o II PLAMEG foi estruturado o Departamento de Desenvolvimento Energético que reuniu profissionais que já estavam estudando o aproveitamento de energias renováveis. Em função dessa nova atividade o nome da empresa foi alterado para Companhia Energética do Ceará. No cargo de Diretor e depois de presidente da COELCE, participei diretamente de iniciativas que avançaram o Ceará no campo das energias renováveis nas décadas de 80 e 90: programa de medições de velocidade do vento em parceria com a GTZ (atual GIZ agência de cooperação do governo alemão) e da empresa cearense CEMEC; instalações de painéis fotovoltaicos para bombeamento de água e em residências de comunidades não atendidas pelas redes de distribuição em parceria com a GTZ e Departamento de Energia dos Estados Unidos, a instalação da Usina Eólica do Mucuripe (1,2 kW) com 4 aerogeradores em parceria com a CHESF e programa Eldorado da Alemanha. A Usina Eólica do Mucuripe por se localizar em local de grande visibilidade da cidade de Fortaleza despertou a sociedade para essa forma de geração de energia. Seguiu-se, enquanto ocupava a presidência da COELCE, a realização da primeira compra de energia renovável. Dessa concorrência pioneira, resultou na construção das usinas eólicas da Taíba (5 kW) e Prainha (10 MW), as primeiras usinas comerciais de geração eólica.

RBS: O estado do Ceará vem despontando cada vez mais com destaque no que se diz respeito a geração de energia com fontes renováveis. Todos sabemos que o senhor é um dos precursores quanto a impulsionar, divulgar e fortalecer esse sistema no estado. Na sua opinião quais os principais diferenciais que o estado do Ceará tem e que o faz protagonista neste contexto?
JURANDIR: As ações descritas anteriormente deram visibilidade ao potencial do Estado em energias renováveis. Já com a COELCE privatizada, o Governo do Estado, por seu secretário de infraestrutura, Francisco Maia Júnior, deu continuidade, resultando no primeiro Atlas Eólico estadual, a criação do Programa Proeólico e protagonismo na estruturação do PROINFRA, programa federal de incentivo às energias renováveis. Como resultado, 35% da potência contratada pelo PROINFRA localizaram-se no Ceará com a implantação de usinas eólicas. Atualmente, o Estado do Ceará em parceria com a FIEC – Federação das Indústrias do Estado do Ceará dão continuidade a estabelecer as melhores condições para empreendedores explorarem esse potencial energético renovável. Destaco no momento a elaboração do Atlas Eólico e Solar, híbrido, sofisticado, com diversas funcionalidades para apoiar os investidores.

RBS: Fortaleza receberá mais uma vez o principal evento de Geração Distribuída com fontes renováveis do Brasil - CBGD 2018 e a 3ª Expo GD. Qual a importância de um evento deste porte estar sendo realizado mais uma vez pelo segundo ano consecutivo no estado do Ceará??
JURANDIR: No Ceará há toda condição propícia a receber um evento dessa natureza. Não é por acaso que, mesmo sem ter o maior mercado de energia da região, lidera no Nordeste a quantidade de instalações e a potência em GD. O protagonismo da FIEC, com seu Núcleo de Energia e com o SINDIENERGIA/CE com uma diretoria dedicada ao tema, tem feito a diferença. O sucesso da segunda edição que ocorreu no Ceará é garantia de teremos um evento de maior porte e ainda melhor estruturado.

RBS: Qual a sua visão do Futuro da Geração Distribuída?
JURANDIR: Dois fatores estão sendo determinantes na transformação dos sistemas energéticos de todo mundo: a redução dos custos da transformação da energia solar em energia elétrica e da acumulação de energia em baterias. Viabiliza a expansão das energias renováveis, com destaque a solar fotovoltaica, e a mobilidade elétrica na expansão do uso dos veículos elétricos. O esforço da humanidade na preservação do meio ambiente diante da elevação da temperatura em decorrência da emissão de gases de efeito estufa, maior ameaça ao meio ambiente, terá nesses fatos os maiores aliados à redução do uso das energias provenientes dos combustíveis fósseis. Nesse processo, a GD terá papel fundamental determinando uma transformação disruptiva na configuração dos sistemas elétricos sob todos os aspectos técnicos e econômicos.

Fonte: Thayssen Carvalho - Portal Brasil Solar

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